No vasto panorama das teorias da conspiração que permeiam o imaginário popular, os Illuminati figuram como uma entidade misteriosa que supostamente controla os destinos do mundo. Com 3,4 milhões de seguidores em uma página dedicada no Facebook, menções em músicas de Madonna e canais no YouTube angariando centenas de milhares de assinantes, é inegável que a aura de mistério em torno dos Illuminati persiste nos dias de hoje.
Para buscar uma compreensão mais profunda sobre este fenômeno, consultamos especialistas, entre eles Mark A. Fenster, professor de direito na Universidade da Flórida e autor de “Conspiracy Theories: Secrecy and Power in American Culture”. Fenster destaca a incrível durabilidade do mito dos Illuminati, considerando que se trata de uma sociedade com mais de 300 anos.
Historicamente, os Illuminati referem-se à sociedade secreta da Baviera, ativa apenas por uma década, de 1776 a 1785. Fundada por Adam Weishaupt, um professor de direito alemão influenciado pelos ideais do Iluminismo, o grupo buscava promover valores como pensamento racional e autogoverno entre as elites. Chris Hodapp, coautor de “Teorias da Conspiração e Sociedades Secretas para Leigos”, destaca a ambição inicial do grupo, que, apesar de alguns membros influentes, enfrentou limitações em sua influência.
Os Illuminati históricos eram conhecidos por seus rituais peculiares e valores iluministas, promovendo o pensamento racional e o autogoverno. Seus objetivos de infiltrar e perturbar instituições poderosas refletiam uma postura anticlerical e anti-real. No entanto, historiadores tendem a considerar que tiveram, na melhor das hipóteses, um sucesso moderado em se tornarem influentes, com sua dissolução em 1785 pelo duque da Baviera Karl Theodor contribuindo para seu desaparecimento.
Mas por que a lenda persiste? Hodapp explica que os Illuminati foram extintos quando o duque da Baviera proibiu sociedades secretas em 1785, resultando na divulgação de muitos de seus segredos. Apesar disso, teorias da conspiração sobre os Illuminati surgiram imediatamente após sua dissolução, alimentadas por figuras como John Robison e Augustin Barruel. O pânico nos Estados Unidos gerado por essas teorias, juntamente com a carta de George Washington sobre a ameaça dos Illuminati, contribuiu para a persistência do mito.
Devido à infiltração dos Illuminati nas lojas maçônicas, os dois grupos são frequentemente confundidos. A paranóia em relação aos maçons nos Estados Unidos influenciou as teorias da conspiração sobre os Illuminati.
O renascimento na cultura popular na década de 1970 por meio da Trilogia Illuminatus influenciou a visão contemporânea dos Illuminati, que agora são alvo de piadas e fonte de rumores. A associação de celebridades como Jay Z e Kanye West aos Illuminati reflete ansiedades sobre poder e elite, mesmo que essas figuras neguem tais afirmações.
Em última análise, se os Illuminati ainda existirem, o leitor agora possui conhecimento demais. Mas, como nos lembra Fenster, a persistência do mito dos Illuminati nos dias de hoje é, por si só, incrível, destacando a eterna fascinação que temos com o desconhecido e o poder das teorias da conspiração em capturar nossa imaginação.