Como Paulo Via a Revelação Divina?
A compreensão de Paulo sobre a revelação divina é um dos aspectos centrais de sua teologia e escritos. Para Paulo, a revelação divina não era apenas um evento histórico, mas uma realidade contínua que moldava a fé e a prática dos cristãos. Este editorial explora como Paulo via a revelação divina, analisando suas cartas e ensinamentos para entender melhor sua perspectiva teológica.
A Revelação de Jesus Cristo
Para Paulo, a revelação mais significativa e central era a de Jesus Cristo. Em Gálatas 1:12, Paulo afirma que o evangelho que pregava não era de origem humana, mas foi recebido diretamente por uma revelação de Jesus Cristo: “porque eu não o recebi de pessoa alguma, nem me foi ele ensinado; ao contrário, eu o recebi por revelação de Jesus Cristo”. Esta afirmação sublinha a autoridade de Paulo como apóstolo e a origem divina de sua mensagem.
A experiência de Paulo na estrada para Damasco, descrita em Atos 9, é frequentemente vista como o momento crucial de revelação em sua vida. Esta experiência transformadora, onde ele encontrou o Cristo ressuscitado, mudou completamente sua vida e missão. Paulo passou de perseguidor dos cristãos a apóstolo fervoroso, pregando a mensagem de Jesus com convicção e poder.
A Revelação nas Escrituras
Paulo também via a revelação divina manifestada nas Escrituras. Em suas cartas, ele frequentemente cita o Antigo Testamento para apoiar seus argumentos e ensinar a igreja. Em Romanos 1:2-3, ele fala sobre o evangelho de Deus “que ele havia prometido antes por meio dos seus profetas nas santas Escrituras, acerca de seu Filho”. Para Paulo, as Escrituras eram a palavra revelada de Deus, antecipando e apontando para a revelação final em Cristo.
A Revelação pelo Espírito Santo
Outro aspecto crucial da teologia paulina é a obra do Espírito Santo na revelação. Paulo acreditava que o Espírito Santo continuava a revelar a verdade de Deus aos crentes. Em 1 Coríntios 2:10-12, ele escreve: “Mas Deus no-las revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também as coisas de Deus ninguém as compreendeu, senão o Espírito de Deus. Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus”.
Este texto destaca a função do Espírito Santo em iluminar e esclarecer as verdades divinas para os crentes, permitindo-lhes compreender e viver de acordo com a vontade de Deus.
A Revelação na Comunidade Cristã
Paulo também via a revelação divina operando dentro da comunidade cristã. Em Efésios 3:4-6, ele fala sobre o mistério de Cristo, que foi dado a conhecer aos apóstolos e profetas pelo Espírito: “pelo que, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, o qual em outras gerações não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas, a saber, que os gentios são co-herdeiros, e co-participantes do corpo, e co-participantes da promessa em Cristo Jesus pelo evangelho”.
Esta passagem mostra que a revelação não é apenas individual, mas corporativa, sendo dada à igreja como um todo para a edificação e união dos crentes.
A Revelação e a Escatologia
Paulo também relacionava a revelação divina com os eventos futuros e a escatologia. Em 1 Tessalonicenses 4:16-17, ele descreve a revelação final de Jesus na sua segunda vinda: “Porque o Senhor mesmo descerá do céu com grande brado, à voz do arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois nós, os vivos, que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, para encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor”.
Para Paulo, a revelação de Deus culminará no retorno de Cristo e na consumação do reino de Deus. Esta expectativa futura moldava a esperança e a ética dos cristãos, incentivando-os a viver em santidade e vigilância.
Conclusão
A visão de Paulo sobre a revelação divina é rica e multifacetada, abrangendo desde a revelação inicial de Cristo até a obra contínua do Espírito Santo, a iluminação das Escrituras, a edificação da comunidade cristã e a expectativa escatológica. Para Paulo, a revelação de Deus é central para a fé cristã, moldando a identidade e a missão da igreja. Sua teologia da revelação continua a inspirar e guiar os crentes na busca de uma compreensão mais profunda de Deus e de sua vontade para o mundo.